"Só quem sabe o que são lágrimas, só esse sabe o que é amor."
Antero de QuentalDomingo, 27/07/2007
Levantei-me e olhei à minha volta para as quatro paredes que me envolvem. Está escuro, está sempre escuro. Seria de se esperar que eu me voltasse a deitar apesar de já serem 11:08, e foi exatamente isso que eu fiz.
Fechei os olhos e aguardei que o sono voltasse. Sucedi.
Quando dou por mim estou na autoestrada com uma mota entre as pernas e um casaco grosso. Não estou sozinha, uma mulher conduz a mota em que me sento, vamos a uma velocidade bastante alta e eu consigo sentir que estar agarrada ao banco em que estou sentada não será o suficiente para não cair, mas não me agarro à mulher.
É uma estranha, porque é que eu haveria de tocar ou de me agarrar a uma estranha? Não o faria, ninguém na sua right mind o faria. É de noite, estaríamos no escuro se não fossem os faróis da mota.
Fechei os olhos de novo e esperei que a mota parasse, não aconteceu por um tempo que me pareciam horas, quando abri os olhos para identificar onde estávamos reparei que a autoestrada se tinha tornado numa estrada com vista para a praia, a mulher conduziu-nos na mota até a uns rochedos que envolviam a parte de baixo do limiar da estrada, descemos a uma velocidade brutal e eu não sentia adrenalina ou medo nenhum. Deixei-me levar.
Após deixar-me ser conduzida por mais uns minutos, reparei que a mulher nos ia levar de encontro a uma vedação, olhei para trás e pude constatar que era longa, já estávamos a passar ao lado da mesma há um bocado quando a mulher vira para a esquerda sem aviso. Institivamente larguei-me da mota, caí de lado, a mulher atravessou a vedação como se ela não estivesse lá. Levantei-me do chão e olhei em direção à mulher, a mota parou do outro lado. Tentei atravessar mas não conseguia, a vedação era real.
A mulher sai da mota, tira o capacete e revela a sua cara. Seria difícil de descrever se eu tentasse, which I won't, imaginem o que quiserem. Ela olha para mim do outro lado e diz: "É isto que acontece quando não confias em mim.". Olhei para o lado esquerdo e ela estava lá, tentou abraçar-me, havia duas dela agora, tentei afastar-me para não lhe tocar e retraí-me numa bola no chão aos pés da vedação. Chorei. Não conseguia controlar a velocidade nem a quantidade de lágrimas que me desciam a face a cada segundo nem mesmo se fechasse os olhos com imensa força. Embora tenha tentado.
Abri os olhos novamente e estava entre as quatro paredes, no escuro, outra vez. Senti-me segura, chorava, não conseguia parar de chorar. Sentei-me na minha cama e respirei fundo, limpei as lágrimas à manga da camisola e acalmei-me. Peguei na garrafa de água que se encontrava na minha mesa de cabeceira, bebi um pouco e mirei o relógio. 12:56. Uma boa hora para me levantar.
~K